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Jó 21 RC60DO

« Jó mostra que os ímpios, muitas vezes, gozam prosperidade nesta vida

1. Respondeu, porém, Jó e disse:

2. Ouvi atentamente as minhas razões; e isto vos sirva de consolação.

3. Sofrei-me, e eu falarei; e, havendo eu falado, zombai.

4. Porventura, eu me queixo a algum homem? Mas, ainda que assim fosse, por que se não angustiaria o meu espírito?

5. Olhai para mim e pasmai; e ponde a mão sobre a boca,

6. Porque, quando me lembro disto, me perturbo, e a minha carne é sobressaltada de horror.

7. Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se esforçam em poder?

8. A sua semente se estabelece com eles perante a sua face; e os seus renovos, perante os seus olhos.

9. As suas casas têm paz, sem temor; e a vara de Deus não está sobre eles.

10. O seu touro gera e não falha; pare a sua vaca e não aborta.

11. Fazem sair as suas crianças como a um rebanho, e seus filhos andam saltando.

12. Levantam a voz ao som do tamboril e da harpa e alegram-se ao som das flautas.

13. Na prosperidade gastam os seus dias e num momento descem à sepultura.

14. E, todavia, dizem a Deus: Retira-te de nós; porque não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos.

15. Quem é o Todo-poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará que lhe façamos orações?

16. Vede, porém, que o seu bem não está na mão deles; esteja longe de mim o conselho dos ímpios!

17. Quantas vezes sucede que se apaga a candeia dos ímpios, e lhes sobrevém a sua destruição? E Deus, na sua ira, lhes reparte dores!

18. Porque são como a palha diante do vento, e como a pragana, que arrebata o redemoinho.

19. Deus guarda a sua violência para os filhos deles, e aos ímpios dá o pago, para que o conheçam.

20. Seus olhos vêem a sua ruína, e ele bebe do furor do Todo-poderoso.

21. Porque, que prazer teria na sua casa depois de si, cortando-se-lhe o número dos seus meses?

22. Porventura, a Deus se ensinaria ciência, a ele que julga os excelsos?

23. Um morre na força da sua plenitude, estando todo quieto e sossegado.

24. Os seus baldes estão cheios de leite, e os seus ossos estão regados de tutanos.

25. E outro morre, ao contrário, na amargura do seu coração, não havendo provado do bem.

26. Juntamente jazem no pó, e os bichos os cobrem.

27. Eis que conheço bem os vossos pensamentos; e os maus intentos com que injustamente me fazeis violência.

28. Porque direis: Onde está a casa do príncipe e onde a tenda em que morava o ímpio?

29. Porventura, o não perguntastes aos que passam pelo caminho e não conheceis os seus sinais?

30. Que o mau é preservado para o dia da destruição e arrebatado no dia do furor?

31. Quem acusará diante dele o seu caminho? E quem lhe dará o pago do que faz?

32. Finalmente, é levado à sepultura e vigia no túmulo.

33. Os torrões do vale lhe são doces, e ele arrasta após si a todos os homens; e antes dele havia inumeráveis.

34. Como, pois, me consolais em vão? Pois nas vossas respostas só há falsidade.

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