Jó 24 A21
1. Por que o Todo-poderoso não designa tempos de julgamento? Por que os que o conhecem não veem os seus dias?
2. Há os que derrubam as cercas, roubam os rebanhos para deles cuidar.
3. Levam o jumento que pertence ao órfão, tomam como garantia o boi da viúva.
4. Desviam do caminho os necessitados; forçam todos os oprimidos da terra a se esconder.
5. Como jumentos selvagens no deserto, saem para o trabalho, procurando na terra deserta a presa que sirva de sustento para seus filhos.
6. No campo, ajuntam palha e colhem na vinha do ímpio.
7. Não possuindo roupa, passam despidos; falta-lhes coberta contra o frio.
8. Molham-se pelas chuvas das montanhas e, por falta de abrigo, agarram-se nas rochas.
9. Há os que arrancam do peito a criança sem pai e tomam o penhor do pobre;
10. fazem com que eles andem despidos, sem roupa, carregando feixes, apesar de famintos.
11. Espremem azeitonas dentro dos muros daqueles homens; pisam os seus lagares, e mesmo assim têm sede.
12. Os que estão à beira da morte dentro das cidades gemem, e a alma dos feridos clama; mas Deus não considera o seu clamor.
13. Há os que se revoltam contra a luz, cujos caminhos não conhecem, e não permanecem nas suas veredas.
14. O homicida se levanta de madrugada, mata o pobre e o necessitado, e de noite torna-se ladrão.
15. Também os olhos do adúltero aguardam o crepúsculo, dizendo: Ninguém me verá; e disfarça o rosto.
16. Nas trevas arrombam as casas; de dia ficam fechados sem ver a luz.
17. Pois para eles a escuridão profunda é a sua manhã; são amigos das densas trevas.
18. São levados sobre a face das águas; maldita é a sua porção sobre a terra; não vão pelo caminho das vinhas.
19. A sequidão e o calor desfazem as águas da neve; assim faz o Sheol aos que pecaram.
20. Sua mãe se esquecerá dele, os vermes o comerão avidamente; não será mais lembrado; a maldade se quebrará como árvore.
21. Ele despoja a estéril que não dá à luz, e não faz bem à viúva.
22. Todavia, Deus prolonga a vida dos valentes com a sua força; levantam-se quando já não tinham esperança na vida.
23. Se ele lhes dá descanso, confiam nisso; e os seus olhos observam os seus atos.
24. Eles se exaltam, mas logo desaparecem; são abatidos, colhidos como os demais, cortados como as espigas do trigo.
25. Se não é assim, quem me poderá desmentir e desfazer as minhas palavras?