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Jó 31 A21

« Jó declara sua integridade

1.   Fiz um acordo com os meus olhos de não cobiçar moça alguma.

2. Pois que porção eu teria de Deus, lá de cima, e que herança do Todo-poderoso, lá do alto?

3. Não está a destruição destinada ao perverso, e o desastre, aos que praticam o mal?

4. Não vê ele os meus caminhos e não conta todos os meus passos?

5. Se tenho agido com falsidade, e se os meus pés têm se apressado a enganar,

6. Deus me pese em balanças fiéis e constate a minha integridade,

7. se tenho desviado os meus passos do caminho, e se o meu coração tem seguido os meus olhos, e se as minhas mãos estão manchadas;

8. então que eu semeie e outro coma, e seja arrancado o produto do meu campo.

9. Se o meu coração foi seduzido por outra mulher, ou se fiquei à espreita na porta do meu próximo,

10. então que minha mulher venha a moer para outro, e outros se deitem com ela.

11. Pois isso seria um crime infame; sim, seria uma maldade a ser punida pelos juízes;

12. porque seria fogo que consome até o Abadom, e destruiria toda a minha produção.

13. Se desprezei o direito do meu servo ou da minha serva, quando eles defenderam sua causa para comigo,

14. então que faria eu quando Deus se levantasse? Que lhe responderia quando me viesse indagar?

15. Aquele que me formou no ventre não fez também o meu servo? Não foi o mesmo que nos formou no útero?

16. Se tenho negado aos pobres o que desejavam, ou feito desfalecer os olhos da viúva;

17. ou se tenho comido sozinho o meu alimento, e dele o órfão não participou,

18. apesar de que, desde a minha mocidade, o órfão cresceu comigo, como se eu fosse seu pai, e tenho guiado a viúva desde o ventre de minha mãe;

19. se vi alguém morrer por falta de roupa, ou o necessitado não ter com que se cobrir;

20. se no íntimo ele não me abençoou, se não se aqueceu com as lãs dos meus cordeiros;

21. se levantei a mão contra o órfão, porque no tribunal eu tinha apoio;

22. então que o meu braço caia do ombro e se rompa da articulação.

23. Pois a calamidade vinda de Deus seria terrível para mim, e eu não poderia suportar a sua majestade.

24. Se coloquei a esperança no ouro, ou disse ao ouro refinado: Tu és a minha confiança;

25. se me alegrei por ser muito rico, e por ter conquistado grandes coisas;

26. se olhei para o sol, quando brilhava, ou para a lua, quando ela caminhava em esplendor,

27. e o meu coração foi enganado em segredo, e a minha mão mandou beijos de veneração;

28. isso também seria um mal a ser punido pelos juízes; pois assim eu teria negado a Deus, que está lá em cima.

29. Se me alegrei com a ruína daquele que me odeia, e se exultei quando a desgraça veio sobre ele,

30. eu que não pequei com a boca, pedindo com imprecação a sua morte,

31. se aqueles que moram comigo não disseram: Quem não se satisfez com a carne oferecida por ele?

32. O estrangeiro não passava a noite na rua; mas eu abria minhas portas ao viajante;

33. se, a exemplo de Adão, encobri as minhas transgressões, ocultando a minha maldade no íntimo,

34. porque tinha medo da grande multidão, e o desprezo das famílias me aterrorizava, de modo que me calei, e não saí da porta.

35. Ah! Quem me dera alguém me ouvisse! Esta é a minha defesa. Que o Todo-poderoso me responda! Ah, se meu adversário escrevesse a minha acusação!

36. Por certo eu a carregaria nos ombros, eu a ataria sobre mim como coroa.

37. Eu lhe prestaria conta dos meus atos; como príncipe me apresentaria a ele.

38. Se a minha terra clamar contra mim, e se os seus sulcos chorarem juntos;

39. se comi os seus frutos sem pagar, ou se causei a morte de seus donos;

40. receba eu espinhos em vez de trigo e joio em vez de cevada. Terminaram as palavras de Jó.

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