Jó 34 A21
1. E Eliú prosseguiu:
2. Vós, sábios, ouvi as minhas palavras; e vós, mestres, inclinai os ouvidos para mim.
3. Pois o ouvido prova as palavras, assim como o paladar experimenta a comida.
4. Escolhamos para nós o que é direito; vamos discernir entre nós o que é bom.
5. Pois Jó disse: Sou justo, e Deus tirou de mim a justiça.
6. Apesar da minha justiça, sou considerado mentiroso; a minha ferida é incurável, embora eu não tenha transgredido.
7. Que homem se parece com Jó, que bebe zombaria como água,
8. que anda na companhia dos malfeitores e caminha com homens ímpios?
9. Pois disse: Para o homem não adianta ter prazer em Deus.
10. Por isso, vós, homens de entendimento, ouvi-me: Longe de Deus esteja praticar a maldade, e do Todo-poderoso o fazer o mal!
11. Pois ele retribui ao homem conforme as suas obras, e faz a cada um segundo os seus atos.
12. Na verdade, Deus não procederá de modo ímpio, nem o Todo-poderoso perverterá o juízo.
13. Quem lhe entregou o governo da terra? E quem lhe deu autoridade sobre o mundo todo?
14. Se ele retirasse para si o seu espírito, e recolhesse para si o seu fôlego,
15. toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria ao pó.
16. Se há entendimento em ti, ouve isso, inclina os ouvidos às palavras que falo.
17. Por acaso governará quem odeia o direito? Queres tu condenar aquele que é justo e poderoso?
18. Aquele que diz a um rei: Ó homem perverso? e aos príncipes: Ó ímpios?
19. Aquele que não faz discriminação em favor de príncipes, nem estima o rico mais que o pobre; pois todos são obra de suas mãos?
20. Eles num momento morrem; à meia-noite os povos são abalados, e passam, e os poderosos são levados sem esforço.
21. Porque os seus olhos estão atentos aos atos de cada um, e ele vê todas as suas ações.
22. Não há escuridão nem densas trevas para esconder os que praticam o mal.
23. Porque Deus não precisa observar por muito tempo o homem, para que este compareça perante ele em juízo.
24. Ele destrói os fortes, sem os interrogar, e põe outros em seu lugar.
25. Pois conhecendo-lhes as obras, de noite os transtorna, e são esmagados.
26. Ele os fere como criminosos, à vista de todos;
27. porque se desviaram dele e não quiseram compreender nenhum de seus caminhos,
28. e assim fizeram o clamor do pobre subir até ele; fizeram que ele ouvisse o clamor dos aflitos.
29. Se ele dá tranquilidade, quem o condenará? Se ele encobrir o rosto, quem poderá contemplá-lo, quer seja uma nação, quer seja um indivíduo?
30. Para que o ímpio não reine, e não haja quem iluda o povo.
31. Pois quem jamais disse a Deus: Sofri, apesar de não haver pecado;
32. ensina-me o que não vejo; se fiz alguma maldade, nunca mais voltarei a fazê-la?
33. Será a sua recompensa como queres, para que a recuses? Pois tu tens de fazer a escolha, e não eu; portanto fala o que sabes.
34. Os homens sensatos, os sábios que me ouvem, haverão de me dizer:
35. Jó fala sem conhecimento, e falta sabedoria em suas palavras.
36. Ah, se Jó fosse provado até o fim, pois responde como os maus.
37. Pois além de ter pecado, ele é rebelde; entre nós bate as palmas e multiplica contra Deus as suas palavras.