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Lamentações 4 A21

« Descrição das calamidades do cerco

1.   Como se escureceu o ouro! Como se mudou o ouro refinado! Como estão espalhadas as pedras do santuário pelas esquinas de todas as ruas!

2. Os preciosos moradores de Sião, que antes eram comparáveis a ouro puro, agora são considerados vasos de barro, obra das mãos de oleiro!

3. Até os chacais abaixam o peito e dão de mamar aos filhotes, mas o meu povo tornou-se cruel como os avestruzes no deserto.

4. A língua do que mama fica presa ao céu da boca, de tanta sede; as crianças pedem pão, e ninguém lhes dá.

5. Os que comiam comidas finas desfalecem nas ruas; os que se enfeitavam com vestes de púrpura se debruçam em montes de cinzas.

6. Pois maior é a maldade do meu povo do que o pecado de Sodoma, que foi destruída num instante, sem que ninguém lhe ajudasse.

7. Os seus nobres eram mais alvos do que a neve, mais brancos do que o leite, tinham a pele mais ruiva do que o coral, e a sua formosura era como a da safira.

8. Mas agora a sua aparência é mais escura do que a negridão; não são reconhecidos nas ruas, o seu corpo ficou pele e osso, seco como um pedaço de pau.

9. Os que morreram na guerra foram mais felizes que os que morreram pela fome, pois estes se esgotavam como feridos, por falta dos frutos dos campos.

10. As mãos das mulheres compassivas cozinharam os próprios filhos; estes lhes serviram de alimento na destruição do meu povo.

11. O Senhor cumpriu o seu furor, derramou o ardor da sua ira e acendeu um fogo em Sião que consumiu os seus fundamentos.

12. Os reis da terra e os moradores do mundo não criam que o adversário ou o inimigo pudesse entrar pelas portas de Jerusalém.

13. Isso aconteceu por causa dos pecados dos seus profetas e das maldades dos seus sacerdotes, que derramaram o sangue dos justos no meio dela.

14. Vagueiam como cegos pelas ruas; andam contaminados de sangue, de modo que ninguém pode tocar nas suas roupas.

15. Gritavam-lhes: Desviai-vos! Impuros! Desviai-vos, desviai-vos, não toqueis! Quando fugiram e andaram vagueando, dizia-se entre as nações: Nunca mais morarão aqui.

16. A ira do Senhor os espalhou; ele nunca mais olhará para eles; não respeitaram a pessoa dos sacerdotes, nem se compadeceram dos idosos.

17. Nossos olhos desfaleciam esperando o nosso vão socorro; quando vigiávamos, olhávamos para uma nação que não era capaz de nos livrar.

18. Espiaram os nossos passos, de maneira que não podíamos andar pelas nossas ruas; o nosso fim estava perto; nossos dias estavam contados, porque o nosso fim havia chegado.

19. Nossos perseguidores foram mais ligeiros do que as águias do céu; nos perseguiram sobre os montes, nos armaram ciladas no deserto.

20. O ungido do Senhor, o fôlego da nossa vida, foi preso nas covas deles, o mesmo de quem dizíamos: Debaixo da sua sombra viveremos entre as nações.

21. Regozija-te e alegra-te, ó terra de Edom, que habitas na terra de Uz; o cálice também se passará a ti, ficarás embriagada e tuas roupas serão tiradas.

22. Já se cumpriu o castigo pelo teu pecado, ó cidade de Sião; ele nunca mais te levará para o cativeiro; ele castigará o teu pecado, ó terra de Edom; descobrirá os teus pecados.

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