Marcos 4 A21
1. De novo Jesus começou a ensinar à beira-mar. E aglomerou-se perto dele tão grande multidão que ele teve de entrar e sentar-se num barco que estava no mar. E todo o povo ficou em terra à beira-mar.
2. Ele lhes ensinava muitas coisas por meio de parábolas e dizia-lhes:
3. Ouvi; o semeador saiu a semear.
4. Enquanto semeava, parte das sementes caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram.
5. Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, pois a terra não era profunda.
6. Quando saiu o sol, este a queimou; e, como ela não tinha raiz, secou.
7. Outra parte caiu entre os espinhos, os quais, crescendo, sufocaram-na, e ela não deu fruto.
8. Mas outras sementes caíram em terra boa. Brotaram, cresceram e deram fruto; e um grão produziu outros trinta; outro, sessenta; e outro, cem.
9. E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
10. Quando ficou só, os que estavam ao seu redor e os Doze perguntaram-lhe acerca das parábolas.
11. Ele lhes disse: A vós é confiado o mistério do reino de Deus, mas tudo se diz por meio de parábolas aos de fora,
12. para que, vendo, vejam e não percebam; e ouvindo, ouçam e não entendam, para que não se convertam e não sejam perdoados.
13. Disse-lhes ainda: Não compreendeis esta parábola? Como entendereis todas as outras?
14. O semeador semeia a palavra.
15. Os que estão à beira do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada, mas, depois de ouvi-la, logo vem Satanás e tira a palavra neles semeada.
16. Do mesmo modo, os que foram semeados em lugares pedregosos são os que, ouvindo a palavra, imediatamente a recebem com alegria,
17. mas, como não têm raiz em si mesmos, duram pouco. Quando vem a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, logo tropeçam.
18. Outros ainda são os que recebem a semente entre espinhos. Estes são os que ouvem a palavra,
19. mas as preocupações do mundo, a sedução da riqueza e o desejo por outras coisas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
20. Os outros que recebem a semente em terra boa são os que ouvem a palavra, acolhem-na e dão fruto; alguns trinta por um; outros, sessenta por um; e outros, cem por um.
21. Disse-lhes mais: Será que a candeia deve ser colocada debaixo da vasilha ou debaixo da cama? Não deve ser colocada no velador?
22. Porque nada está encoberto que não seja para ser manifesto, e nada foi escondido senão para vir à luz.
23. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
24. Também lhes disse: Dai atenção ao que ouvis; com a medida com que medis também vos medirão, e ainda vos acrescentarão.
A parábola da semente25. Pois ao que tem, mais lhe será dado, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
26. Disse também: O reino de Deus é comparável a um homem que lança a semente à terra;
27. quer esteja ele dormindo à noite, quer acordado de dia, a semente acaba brotando e crescendo, sem ele saber como.
28. A terra produz o grão por si mesma, primeiro a planta, depois a espiga, e por último o grão que enche a espiga.
29. Mas, assim que o grão amadurece, o homem logo lhe passa a foice, porque chegou a colheita.
30. Disse ainda: A que compararemos o reino de Deus? Ou, com que parábola o representaremos?
31. É como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes,
32. mas, uma vez semeado, cresce, torna-se a maior de todas as hortaliças e estende grandes ramos, de tal modo que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra.
33. E dirigia-lhes a palavra com muitas outras parábolas como essas, conforme conseguiam compreender.
34. E não lhes ensinava sem usar parábolas, mas explicava tudo a seus discípulos em particular.
35. Tarde naquele dia, Jesus lhes disse: Passemos para o outro lado.
36. E, deixando a multidão, eles o levaram consigo no barco, assim como estava. Outros barcos o seguiam.
37. Levantou-se então um grande vendaval, e as ondas arremessavam-se contra o barco, de modo que ele já estava inundando.
38. Jesus, porém, estava na popa, dormindo sobre uma almofada. Os discípulos o despertaram e lhe perguntaram: Mestre, não te importas que pereçamos?
39. E, levantando-se, ele repreendeu o vento e disse ao mar: Cala-te! Aquieta-te! E o vento cessou, e fez-se grande calmaria.
40. Então lhes perguntou: Por que estais tão amedrontados? Ainda não tendes fé?
41. Eles ficaram apavorados e diziam uns aos outros: Quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?